Hoje li Fernando Pessoa em "Dobrada à Moda do Porto"
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.
Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo ...
(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).
Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.
Nota- "Dobrada" é o termo usado pelos Lisboetas para designar o que os "Tripeiros" designam com "tripas"... mas percebe-se bem esta diferença. Os "Tripeiros" são tripeiros e os Lisboetas são ... "mouros" ...LOL
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The above poem is on love and "Tripas á moda do Porto" , a typical dish. the most typical dish in Porto. The word "dobrada" is the way the people from Lisbon say "tripas" - tripes . And the dish consists of tripes and beans stew. It's delicious but you must eat eat hot and not cold as Fernando Pessoa says. He speaks of love and this dish and compares love to it putting the comparison in terms of right temperature for this dish (and love) to be served. If I ever find a translation of this poem into English I'll add it here.