Música
Mãos invisíveis dedilham sonatas num piano em silêncio de música arredia...
As notas saem mas congelam-se em tons intocados que ninquém escuta...
Do teclado branco marfim, vezes mil percorrido pelos dedos que o acariciaram em actuações de sucesso fugaz , dramático na expressão , sai uma melodia de semi-fusas e colcheias presas em claves sem definição, desafinada, que arrasta memórias pálidas de um passado que o presente pretende esquecido.
A melodia sem tom impõe-se no silêncio do tempo arrastando-se débil, sem vontade de resistir ao que o futuro quer dela.
E a, pouco e pouco, vai retendo ritmos brandos, transformando-se numa Ode que um Allegro Cantabile envolve e, em tom de Bolero de Ravel, entra no Sonho que está para lá do Infinito.
(Não sei se isto faz algum sentido... Apenas escrevi...)
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Invisible hands play sonatas on a piano in a silence of fading music.
Music notes leave the piano and freeze in unplayed tones nobody listens to.
The ivory white keyboard, so often touched by caressing fingers in performances of vain success but dramatic in expression, releases a tuneless melody of undefined music notes dragging pale past memories into a present willing not to preserve them.
The tuneless melody imposes itself on the silence of time in an unwilling resistence to what the future seems to have set as task.
And, slowly, it starts retaining soft rhythms, changing into an Ode involved by an Allegro Cantabile and, in a Ravelian Bolero, gets into the Dream that is beyond the immensity of the Infinite.
(I don't know whether this has any sense. I just wrote.)